sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

O FRUTO QUE NASCE DA VERDADE.


Muitos, ao lerem o texto acima, questionam o rigor com que Jesus julgou a situação. Alguns chegam a descrever como uma “perseguição vegetal” da parte de Jesus para com aquela árvore já que estava claro que não era estação dos figos.
O contexto desse episódio, segundo o Evangelho era final de março, próximo do mês de abril. No Oriente Médio, a estação de figos inicia-se em junho e em agosto os figos atingem sua maturidade, sendo encontrados doces e saborosos.
Diferente da grande maioria das árvores frutíferas que primeiro dão folhas e em seguida frutos, a figueira possui um processo inverso. Ela traz, primeiro, à luz os seus frutos e em seguida mostra sua folhagem. Na ocasião, todas as figueiras na estrada entre Betânia e o Monte das Oliveiras estavam sem frutos, adequadas àquela estação. Apenas uma se destacava no meio de todas as outras. Esta, diferente das outras, expunha suas folhagens verdes, se destacando entre todas as árvores da estrada.
Jesus estava com fome. Olhando para aquela quantidade enorme de figueiras desprovidas de frutos, com galhos secos e sem folhas, avistou aquela que se destacava e que no mês de março estava produzindo folhagens que só deveria aparecer em junho ou mesmo agosto. Como o processo de produção de frutos da figueira é inverso, a presença de folhagem verde indicava que existiam frutos. Por isso Jesus procurava algo para comer. Ele vai até a árvore, mexe nas folhas e não encontra nada. Neste instante, Jesus amaldiçoa a figueira dizendo que nunca mais ninguém comeria fruto dela.
Em seguida, Jesus entra no templo e de lá expulsa os cambistas e mercadores que lucravam naquele lugar com a máquina da Religião. O que Jesus está querendo dizer a nós? Jesus está debaixo de uma figueira que não dá fruto, depois disso vai até ao templo procurar Deus e encontra cambistas, mercadores da religião. Amaldiçoar a figueria era apenas um capricho divino ou uma parábola?
Na verdade, amaldiçoar a figueira é uma grande parábola do que Deus espera de nós. O episódio significa intencionalidade. A figueira que grita que tem frutos, mas que é apenas folhagem junto com o templo que expunha suntuosidade e aparência, mas dentro não tinha nada se tratava de uma grande parábola.
Jesus está revelando qual é nossa verdadeira intenção ao se apresentar diante de Deus. Trata-se de uma propaganda enganosa. Anunciando algo que não existia. Tinham apenas folhas, mas sem frutos. Ao entrar no templo, Jesus não encontrou nenhum adorador. Apenas pessoas que queriam negócios. Era um lugar de manipulação.
Poderíamos citar também uma parábola sobre Israel. Em muitos lugares da Bíblia lemos a relação de Israel com uma figueira, na tentativa de produzir os frutos da religião, apenas como autoproclamação da falsa virtude. Jesus estava ensinando que Deus prefere a nudez própria à tentativa de camuflar a própria verdade no nosso ser, por meio de folhagens que não dizem nada. Como a figueira, pessoas fazem nascer primeiro o fruto da verdade e depois é que se transformam em qualquer forma de comportamento. Estamos lendo uma parábola de Jesus falando do senso de propriedade. Jesus não possui camuflagem. Em um casamento, Ele transforma água em vinho. Para multidões famintas, Ele multiplica pães e peixes para minimizar a fome. Jesus tem propriedade em tudo o que faz. Tudo tem pertinência.
O evangelho de João ilustra isso de maneira extraordinária. No capitulo dois Jesus transforma água em vinho. No capitulo três diz a Nicodemos que o reconhece como filho de Deus que ele deve nascer de novo para entrar no reino dos céus. Jesus desconstrói a lógica de causa e efeito do acadêmico Nicodemos por meio de uma pergunta que o empurra para uma dimensão da verdade simples. No capitulo quatro Jesus se encontra com uma mulher samaritana na beira de um poço, ao meio dia e sedento. Mesmo assim, Ele oferece àquela mulher a água da vida. No capitulo nove cura um cego de nascença e em seguida diz “Eu sou a luz do Mundo”. No capítulo Jesus ressuscita um morto e se define como a ressurreição e a vida.
As ações de Jesus possuem propriedade. Diante do cego ele não transforma a água em vinho, mas cura sua cegueira. Até na cruz, ele pede ao discípulo que cuide da sua mãe. Quando possui sede pede água. Quando o desespero bate forte e a dor insuportável chega, Ele grita a Deus e diz: Meu Deus, meu Deus, por que me desamparastes? Em Jesus tudo é próprio.
De manhã, Jesus teve fome. A figueira fazia sua propaganda. Ele chega feliz para saciar sua fome, mas não encontra nada. Aprendemos muitas coisas com essa parábola.
Primeiro: Deus não pede a ninguém que dê frutos fora da estação. Quando a estação não é de fruto, ele não exige o que não se pode dar. A verdade não é só o que é; a verdade também é o que não é. E a verdade do que é não é mais importante do que a verdade do que não é. Deus prefere todas as figueiras nuas. Ele não suporta a tentativa da gente fazer de conta.
Esta é a questão. Deus não quer que você viva de fachadas. Deus não exige mais que a verdade. Estranhamente é também com as folhas de uma figueira que Adão e Eva tentam encobrir seus pecados. Lá no Eden, a folha da figueira tentava tampar a nudez do homem. De volta à cena, a figueira está produzindo tanguinhas para esconder a nudez do fato de que não há frutos. Deus diz: tire a figueira, prefiro você nu, porque assim você tem salvação. Camuflado você está perdido. Se estiver nu, Eu posso te cobrir com meu sangue. Camuflado você vive na sua justiça própria e corre o risco de morrer na presunção da tua religiosidade.
Novos convertidos levam ao pé da letra a passagem de Lucas que cita a ocasião que o dono da vinha veio depois de três anos e cortou a videira porque esta não produziu frutos. Alguns pensam que Jesus irá cortá-los. Muitos já viveram isso e muitos ainda vivem assim, agora, neste tempo. Por causa disso, muitas pessoas começam a inventar frutos. Jesus está ensinando que não precisamos inventar ou fabricar nada. Não precisamos de “anabolizantes espirituais” para produzir frutos ou tomar injeções de fertilidade. Seu fruto acontecerá na estação própria, em verdade e na presença de Deus.
O que Deus deseja é que você seja você mesmo. O convite do Evangelho é para a libertação, mas nós impomos cadeias sobre as pessoas. Colocamos a salvação como jugos, na tentativa de vivermos uma vida que não é nossa. A nossa missão é ser alguém para este mundo, ou seja, eleger um parâmetro. Inventamos um fruto, fora da estação, um espetáculo de esterilidade e um show de folhagens sem frutos. É tudo camuflagem.
Olhamos para a vida e invertemos os papeis. Jesus está ensinando que devemos ser o oposto disso. Seja quem você realmente é. Produza frutos na estação certa e apenas isso. Mas você não será ninguém mais em Cristo, que não seja você mesmo em Cristo.
Não se pode falsificar a identidade espiritual. A verdade vai se tornar uma árvore reconhecida por Deus. Não estamos aqui formando clones que repetem o que o outro é. Somos sementes que precisam ser plantadas. Devemos ser imagem e semelhança de Cristo. Não somos deuses, somos mortais, um dia seremos incorruptíveis, com corpo ressuscitado em glória, mas ainda sim seremos nós mesmos. Veremos o que nos tornamos em plenitude em Cristo, mas ainda assim, seremos nós mesmos. Deus sabe as estações dos frutos. Viva em verdade e não em camuflagem. Não saia por ai mentido. Fale a verdade. Não faça show ou apresente um mostruário, demonstrando sua aparência.
Deus prefere sua nudez, porque esta Ele cobre. As folhagens são apenas autojustificação diante do pecado. Neste ministério, desejamos discipulos verdadeiros e de caráter. Hoje é dia de libertação das máscaras porque é tempo de crescimento verdadeiro. Precisamos encarar nossa verdade e realidade. Se não fizermos isso, continuaremos mostrando folhas pra Deus, sendo que Ele deseja ver nossos frutos.
O que mudaria em sua vida se hoje você descobrisse que o inferno não existe? Infelizmente muitos bordéis da cidade ficariam lotados de evangélicos. Se você está em Cristo, a sua vida não muda em nada, nem mesmo por causa da existência ou não do inferno ou mesmo do céu. O seu prazer está em Cristo. Não há nenhuma condenação para quem está em Jesus. Está consumado. Está feito. Quem poderia nos condenar nos justificou. Nada poderá nos separar do amor de Deus. Não tem inferno nem céu que nos motive ser de Deus. Eu sou de Deus por Jesus. Esse é o meu prazer e meu fruto nasce dessa alegria. Para mim isso é tudo.
Ap. Anselmo Valadão.

A ORAÇÃO DO PAI EM NÓS.


A ORAÇÃO DO PAI EM NÓS.
Nos tempos de Jesus, havia algumas correntes rabínicas. Duas delas eram: Shamai e Hilel. Estes eram dois rabinos importantes que orientavam o povo. Os dois rabinos citados viveram antes de Jesus, provavelmente no período dos macabeus ou período interbíblico, quando o farisaísmo se tornou um forte segmento em Israel. Na passagem citada, o povo tinha um pedido: que Jesus lhes ensinasse a Lei de Moisés. Quando os discípulos pedem a Jesus a orientação de como orar, estavam pedindo que ele ensinasse como chegar à presença de Deus, por meio da Lei de Moisés, porque Jesus era um mestre dessa Lei.
Como Shamai e Hilel, Jesus também ensinava a Lei de Moisés. Deus, antes era conhecido como o Deus de Abraão, Isaque e Jacó. Não se podia, naquela época, falar o nome de Deus. As pessoas não O conheciam, porém sabiam dizer que ele era o Deus dos seus pais. As pessoas seguiam a Jesus para saber a cerca da Lei de Moisés.
Hoje, falaremos dessa oração, mas se referindo a ela como uma oração para dentro e não para fora. Jesus está ensinando seus discípulos a olhar para dentro, olhar para si mesmo. A oração dos hipócritas era um tipo de oração que agradecia a Deus por não tê-los criado: samaritano, mulher ou cachorro. A oração do Pai Nosso tem a ver com a horizontalidade dos nossos vínculos. Jesus estava analisando o ser humano.
A oração começa dizendo que o Pai é “nosso”. A expectativa de quem vai falar com Deus não poder hipócrita ou egoísta. Nosso Deus e nosso pai é como inicia a oração, relacionando-se com todos os níveis do homem. É uma oração coletiva e não individual: pai nosso, pão nosso, nossos pecados. O tempo todo Jesus ensina a coletividade.
O homem sempre invoca a Deus numa perspectiva exclusivista. Jesus ensina o contrário. Ele ensina a buscar para todos, não apenas para si mesmo. A perspectiva do todo é faltosa em cada ser humano. “O importante é que minha oração me favoreça, acima de tudo”. Contudo, a oração ensinada por Jesus fala do contrário. Ensina sobre o coletivo. Não é o forte do homem invocar a solidariedade de Deus para todos. Dentro de cada um existe a individualidade.
Quem é você? Quem são as pessoas? Quem sou eu sem você? Quem é você sem mim? Ninguém nasceu sem ajuda de outra pessoa. Foi preciso duas pessoas para gerar alguém. Nascemos de uma coletividade, de uma família. Ao olharmos para o universo que nos rodeia, qual sua contribuição para a construção dele? Será que o homem construiu alguma coisa neste mundo? Deus teria pedido opinião ou autorização ao homem para criar algo? Na verdade n-ã-o. A única coisa que fazemos nesse mundo é destruí-lo. Também somos criação de Deus, somos possibilidades d’Ele neste mundo.
Mesmo quando desconhecia a obra de Deus em sua vida, quando ainda era um alienado, ainda sim o amor de Deus era sobre você. Mesmo sem perceber ou merecer tal amor. A natureza humana não é de coletividade. Ele não se alegra com a misericórdia de Deus. De outro ponto de vista, podemos afirmar que o homem é a antítese do evangelho. O homem é uma pedra de tropeço, é uma porta fechada que impede o outro de se aproximar mais de Deus. A partir das minhas palavras e ações posso desaprovar os ensinamentos de Jesus.
Tudo o que temos vem de Deus. O que temos de bom vem d’Ele porque não podemos criar nada. (Tiago 1: 17). A sublimidade não vem do porão da minha alma, vem do alto, do Pai das luzes. A verdadeira solidariedade vem de Deus para o homem e deste para outro homem. Estou fazendo o bem a mim mesmo, antes de fazer ao próximo.
A Escritura diz que ninguém busca a Deus. Jesus foi o único que nasceu para buscá-Lo e me levar á presença de Deus. Apenas queremos Deus se o Espírito Santo estiver dentro de nós. Quem não tem Jesus na sua vida não deseja a Deus. O homem vai tentar, o tempo todo, sair da presença de Deus. Deus conhece a todos. Ele sabe diferenciar o joio do trigo.
Quem inventou o Reino de Deus? Algum filósofo como Platão, Aristóteles? Sartre chegou a criar um outro reino, o do vômito. Não fui quem buscou o reino de Deus, mas Ele me buscou primeiro. Você conhece a vontade de Deus? Parece que estamos falando de algo que Deus deseja para si próprio. Porém, a vontade de Deus é para o homem, em nosso favor. A vontade dele é que você alcance êxito, que seja salvo do inferno e seja verdadeiramente livre do império das trevas.
O pão nosso é para “nós”. O Senhor reclama com o profeta Zacarias que Ele não pediu sacrifícios porque tudo na Terra pertence a ele, inclusive os animais. O pão que vem de Deus é para compartilharmos com os outros.
O perdão, por sua vez pacifica a alma. A ausência de perdão não provoca nada em Deus, mas no próprio homem. Quem não perdoa é o verdadeiro atingido pela falta de perdão. Deus não terá sua alma presa, mas o que recusou o perdão sim. Quando recebemos a graça de Deus e não repassamos ao próximo, estamos iniciando em nós um processo de abertura às trevas, nos tornando cada vez mais parecidos com demônios. O que você receber de Deus deve ser repassado para os outros.
(Leia Salmos 116: 12-13) – Como retribuir a solidariedade de Deus, o que Ele tem feito por você? Você deve abrir sua boca e falar de seus feitos. Seja como um cálice pronto para receber Deus e para derramar mais d’Ele. Não lute pelas suas razões. Coloque fim nas disputas na Terra, este é o reino de Deus. A graça de Deus é o bastante para nós. (Leia 2 Co. 12:9). A misericórdia do Senhor é suficiente. Para ser solidário não devo deixar o próximo na exclusão.
A vontade de Deus é que ninguém seja excluído. Quando eu dou de comer, beber ou visto um necessitado, estou fazendo isso ao próprio Deus. Quando eu vejo a necessidade do outro e sou solidário, é a solidariedade de Deus em mim que está agindo naquele momento. O pão que recebo de Deus é o “nosso pão” que é repartido entre todos. A casa de Deus é aquela que abriga os desabrigados.
Hoje, o mundo nos obriga a nos proteger das coisas boas, ou seja, das pessoas. A bondade para com Deus é feita ao próximo. Se você quer dar uma festa para Deus, faça um banquete para os pobres e miseráveis. Que Reino de Deus seria esse que exclui pessoas? Amar a Deus na Terra é perdoar as pessoas. Deus vai exigir mais daqueles que tem mais revelação d’Ele, ou seja, de cada cristão.
(Leia I Tm. 1: 15) – Paulo se considera o pior dos pecadores. Às vezes, pensamos que um ladrão ou traficante é a pior das pessoas. O diabo não suporta as pessoas que fazem o bem, que perdoam e compartilham solidariedade. As pessoas que fazem esse tipo de oração, feita para dentro de si mesmo, não podem ser tocadas pelo inimigo (Leia I Jo. 5: 19). Quem são esses que vivem essa oração e que são tocadas pelos demônios? Ninguém. O inferno não pode resistir a esse tipo de pessoas.
A oração do Pai Nosso não é para ser repetida, mas para ser vivida, diariamente. Chegou o tempo da oração do Pai em nós. De Deus em nós. Essa é a verdadeira libertação e ensino. Onde existem crentes verdadeiros, os demônios não aguentam estar neste ambiente de amor, de solidariedade, de santidade onde Deus está dentro de cada um. Podemos fazer algo em favor do próximo. Saia da paralisia e faça algo.
Quando você se permitir viver o Evangelho, você viverá uma vida de entrega, de doação, vivendo o que Jesus ensina: amor ao próximo.
Ap. Anselmo Valadão