terça-feira, 28 de maio de 2013


No início dos anos 60 , a sociedade brasileira vivia os conturbados anos .
Á renúncia do presidente Jânio Quadros, em 1961.
Jânio foi sucedido por seu vice, João Goulart
O 31 de março de 1964 marcou mais do que uma reviravolta nos rumos do país. Foi também um momento crucial para a Igreja Evangélica no Brasil. O mesmo golpe que tirou do poder o presidente João Goulart, afetou também os púlpitos. Sobretudo aqueles onde o pregador tinha coragem de defender a cidadania e a liberdade de expressão. Muitos pastores foram presos, crentes torturados e até desaparecidos nos porões da ditadura.
O Departamento de Mocidade da Confederação Evangélica do Brasil (CEB) foi à primeira entidade de orientação evangélica a sofrer a perseguição do regime. A CEB promovia a cooperação entre as igrejas nas áreas de ação social, educação cristã e atividades diaconais. Foi fechada sem direito de defesa. Reunindo algumas das principais correntes evangélicas do país, como as igrejas Presbiteriana, Luterana, Metodista, Assembléia de Deus e Congregacional, a CEB promoveu eventos que ficaram célebres como a Conferência do Nordeste, em Recife, com o tema “Cristo e o processo revolucionário”.
A conferência do Recife reuniu 160 delegados de 16 denominações evangélicas. Houve uma grande repercussão em todo Brasil. A CEB reunia os líderes para discutir como a Igreja Evangélica enfrentaria a nova realidade: o agravamento da crise econômica e social, da pobreza e da desigualdade social. A Igreja estava em busca de uma identidade nacional, foi um período rico na busca de um caminho, a igreja brasileira refletia os mesmos movimentos da sociedade.
Quando o golpe se intensificou e as perseguições começaram a apertar o cerco sobre as igrejas, o movimento da Conferencia do Recife se desfez. O Seminário Presbiteriano do Sul, em Campinas (SP), foi fechado e os alunos expulsos. Colégios e faculdades de teologia, também expulsaram professores que tinham a visão de uma nova Igreja. Para os militares os inimigos estavam em todos os lugares, inclusive nas igrejas.
Naquela época os jovens evangélicos eram politizados, preocupados com o país. A ideologia era ensinada também na escola Dominical de algumas igrejas. O templo da Igreja Metodista Central de São Paulo foi cercado pela policia e muitos jovens saíram presos. O pastor da Igreja Batista em Volta Redonda no Rio de Janeiro, Geraldo Marcelo, foi preso três vezes como agente da subversão, chegando a ficar 43 dias em poder dos militares. Hoje ele conta que superou os traumas e relembra os cultos que realizava na cadeia: “cinco companheiros se converteram e um deles hoje é pastor”. O pastor Geraldo conta que sofria torturas diárias
Neste tempo o número de evangélicos no pais era na ordem de 4,5% da população. Então porque uma comunidade tão pequena incomodava tanto o regime? As ações da repressão militar mostram que o pequeno grupo causava incômodo. A explicação é simples: num pais que tinha 39% de analfabetos, os evangélicos eram uma elite pensante, exercia influencia política e era percebido socialmente.
Hoje, a maioria do povo não sabe o que realmente acontecia com os considerados inimigos dos militares, não sabem que muitos pastores foram presos e torturados. Por isso se ouve alguns irmãos elogiando os tempos da ditadura.
Procure se informar mais sobre a historia recente de seu país, só assim você saberá que muitos dos que elogiam os militares não sabem do que estão falando.